CRÔNICA
DIVERSIDADE
NO PARQUE DA JUVENTUDE
Na ultima ida de minha nada disciplinada jornada de
caminhadas, intercaladas ao trote, num dos melhores espaços destinados a tal
mister e outros mais, trata-se do Parque da Juventude no centro de São Bernardo
do Campo, separado do Paço Municipal pela avenida Faria Lima, isso aconteceu
acerca de cinco a seis semanas passadas. Ao mencionar minha indisciplina à frequência
das atividades físicas, quero frisar que não é por falta de tempo, pois tempo,
infelizmente tenho muito, mas por falta de determinação e devo admitir,
preguiça.
O parque é estruturado para o lazer e entretenimento para
pessoas de todas as idades, de um aninho aos cem anos ou mais, sendo que as
instalações para a prática do Skate toma em torno de quarenta por cento de toda
a área do parque e é considerado um dos maiores e mais modernos da América
Latina.
Para os pequeninos há um mini parque infantil com
balanços e outros brinquedos em madeira e corda e piso sintético, para os
adultos, uma área de aquecimento e ginástica destinada principalmente aos
adeptos das caminhadas e corridas, e ainda no extremo oposto do parque há
torres de pedra para a prática assistida de rapel, um palco amplo para shows
musicais com amplo espaço para plateias de pé, uma grande pista medindo
seiscentos metros de extensão, asfaltada, destinada às caminhadas e corridas,
ladeada por cerca viva em arbustos de cor dourada, chamados Pingo de Ouro,
permanentemente muito bem podados em formato quadrado. A pista tem cerca de
três a quatro metros de largura e é demarcada a cada cem metros em sua
extensão, tendo nas laterais muitas e frondosas árvores, palmeiras e flores
como azaleias, quaresmeiras e outras. Em todas as alamedas do parque há as
cercas vivas de que falei, cuidadosamente podadas.
Há ainda em estado de deterioração, pelo abandono,
instalações do que foi até uns oito anos passados, uma tirolesa com alta torre
para embarque e área de aterrissagem, numa extensão de duzentos e cinquenta
metros aproximadamente.
Em uma das faces da pista de skate há uma área livre onde
jovens senhoras ocupam para praticar ginástica, com seus equipamentos
específicos e personal trainers, vê-se que são pessoas de bom poder aquisitivo;
ao lado, na pista de caminhada encontramos adolescentes de ambos os sexos com
seus inseparáveis aparelhos celulares e fones de ouvido e jovens, adultos e
idosos, a maioria devidamente vestidos e calçados para a prática de caminhadas
e corridas, outros, principalmente idosos, com vestimenta e calçados
inadequados e um ou outro caminhando com dificuldade e até mancando,
infelizmente, o que tem me causado pena.
Há também razoável quantidade de jovens e principalmente adolescentes
que para lá se dirigem a fim da paquera e namoro, creio haver mais de uma
história de uniões de casais em que o parque tenha sido o palco do primeiro
encontro. O meu tempo de
permanência no parque é em torno de uma hora e meia, sendo uma hora de
caminhada e trote, distribuído assim: quatrocentos metros em caminhada rápida e
os duzentos metros restantes da volta em trote em baixa velocidade; a meia hora
final eu me dedico a exercitar abdominais e embaixadas.
Na parte central do parque, há instalações sanitárias em
péssimo estado de conservação, instalações para pronto atendimento em caso de
socorro médico e também instalações de administração do parque. Na parte
superior, há uma loja de skate e acessórios e também uma lanchonete e outros
espaços dos quais não sei a finalidade e ainda acesso ao que fora no passado o
embarcadouro para a tirolesa a qual mencionei há pouco.
Presenciei algo inusitado, quando estava a meia hora de
minha caminhada ao cruzar com a alameda de entrada do parque, havia uma
pardoca, (fêmea do pardal), entre dois filhotes de Chupim, ambos com o dobro do
tamanho da mãe adotiva, numa choradeira característica de filhotes pedindo por
alimento e ela como toda boa mãe administrava a súplica com relativa
tranquilidade. Para quem não sabe, o chupim é um pássaro de pequeno porte que velhacamente
põe seus ovos no ninho de outro pássaro, que inocentemente os choca e cria os
filhotes junto aos seus e por seus os considera embora tenham porte e coloração
diferentes.
Ri sozinho, já que há muitos anos presenciara cena
semelhante, embora no passado tenha visto isso muitas vezes; e imediatamente vi
na natureza incomum e instintiva do chupim, forte semelhança com certos
racionais e pensantes seres humanos, espertalhões que ultrajam e ludibriam os
seus iguais.
Enéas
Antonio Pires
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