quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

MONÓLOGO FELINO
Lembrando meus ancestrais e o passado
O que faziam e o que faço agora
Me empanturro e aqui faço hora
Não caminho no cimo do telhado

Não aprendi a caça aos roedores
Tampouco a quaisquer outros vertebrados
Ingiro alimentos importados
Desfruto de afagos e langores

Usufruo de regalias sem fim
Novos tempos me garantem mordomia
Sei, jamais serei couro de tamborim!

Partilho esse espaço com senhoras
Enquanto se realiza a digestão
Durmo e sonho com o correr das horas
                                                       Enéas

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019




                   POEMETO FISIOLÓGICO


                   Alguém fala por mim porque não falo

                   Histórias de uma vida de aventuras

                   Permeando vitórias e agruras

                   Na verdade eu sou o próprio falo


                   Me apelidam depreciativamente

                   O poeta me chama por mangalho

                   O semi-analfabeto por caralho

                    Por aí vai indefinidamente


                    Protagonizo muitos uis, ais, oh yes

                    Gemidos, peidos, gritos e muito mais

                    Na cabine de comando e no convés


                    Nas palhoças assim como nas mansões

                    No alvorecer, noites e madrugadas

                    Acelerando mentes e corações

                                                        Enéas

                 

                   


                   



                       
                     GUARUJÁ



                     Paredões íngremes multicoloridos

                    Contrastando com o anil do oceano

                    Burburinho de um vai e vem humano

                    O que se passa por detrás dos vidros


                    Do outro lado de cada janela

                    O que acontece, comemoração

                    Amizade e confraternização

                    Celebração com cores da aquarela


                    Na areia, pombos garças, gaivotas

                    Disputam os espaços com turistas

                    Que vislumbram ao longe as ilhotas


                     Ao ir-me embora o que me receia

                     Ao ser questionado se gostei ou não

                     Responderão, minhas pegadas na areia

                                                                       Enéas

                                 

  
                   



                 

domingo, 24 de fevereiro de 2019


ODE A UM ANTI-HERÓI

Mentecapto ditador torpe e vil
Subjugou milhares, pobres infelizes
Ignorando dores e cicatrizes
Exterminou pelas balas do fuzil

Foi embora magro, feio e assaz
Corrompeu uns, detrimento de milhões
Intimidou por baionetas e grilhões
Causou inveja e desdouro a satanás

Deixou bens acumulados, tesouro
Mágoas e ressentimentos atrozes
Surdo apego pela posse do ouro

Atualmente deve estar sentado
Refletindo sua história imbecil
No colo do capeta, aposentado
                                                Enéas




terça-feira, 31 de janeiro de 2017

ODE À PRIMAVERA



Ode à primavera
Ipê frondoso, belo e colorido
Sobressai entre a flora deste espaço
Obreiros da transformação do aço
Acrescentam às vidas mais sentido

Sobrevive o tão formoso abricó
Que fora há alguns anos plantado
Floresce, frutifica e ignorado
Permanece incólume, belo e só

Pequenas azaléas coloridas
Surpreendentemente graciosas
Trazendo encanto e graça a tantas vidas

Não nos esqueçamos das ingazeiras
Louros, pinus, cítricas e outras tantas
Além das graciosas goiabeiras.

Enéas


ODE A UM ANTI-HERÓI

Mentecapto ditador torpe e vil
Escravizou milhares de infelizes
Ignorando dores e cicatrizes
Exterminou pelas balas do fuzil

Foi embora magro, feio e assaz
Corrompeu uns, detrimento de milhões
Intimidou por baionetas e grilhões
Causou inveja e desdouro a satanás

Deixou bens acumulados, tesouro
Mágoas e ressentimentos atrozes
Surdo apego pela posse do ouro

Atualmente deve estar sentado
Refletindo sua historia imbecil
No colo do Demônio, aposentado.
                                 Enéas


quarta-feira, 16 de março de 2016

CRÔNICA

DIVERSIDADE NO PARQUE DA JUVENTUDE

            Na ultima ida de minha nada disciplinada jornada de caminhadas, intercaladas ao trote, num dos melhores espaços destinados a tal mister e outros mais, trata-se do Parque da Juventude no centro de São Bernardo do Campo, separado do Paço Municipal pela avenida Faria Lima, isso aconteceu acerca de cinco a seis semanas passadas.  Ao mencionar minha indisciplina à frequência das atividades físicas, quero frisar que não é por falta de tempo, pois tempo, infelizmente tenho muito, mas por falta de determinação e devo admitir, preguiça.
            O parque é estruturado para o lazer e entretenimento para pessoas de todas as idades, de um aninho aos cem anos ou mais, sendo que as instalações para a prática do Skate toma em torno de quarenta por cento de toda a área do parque e é considerado um dos maiores e mais modernos da América Latina.
            Para os pequeninos há um mini parque infantil com balanços e outros brinquedos em madeira e corda e piso sintético, para os adultos, uma área de aquecimento e ginástica destinada principalmente aos adeptos das caminhadas e corridas, e ainda no extremo oposto do parque há torres de pedra para a prática assistida de rapel, um palco amplo para shows musicais com amplo espaço para plateias de pé, uma grande pista medindo seiscentos metros de extensão, asfaltada, destinada às caminhadas e corridas, ladeada por cerca viva em arbustos de cor dourada, chamados Pingo de Ouro, permanentemente muito bem podados em formato quadrado. A pista tem cerca de três a quatro metros de largura e é demarcada a cada cem metros em sua extensão, tendo nas laterais muitas e frondosas árvores, palmeiras e flores como azaleias, quaresmeiras e outras. Em todas as alamedas do parque há as cercas vivas de que falei, cuidadosamente podadas.
            Há ainda em estado de deterioração, pelo abandono, instalações do que foi até uns oito anos passados, uma tirolesa com alta torre para embarque e área de aterrissagem, numa extensão de duzentos e cinquenta metros aproximadamente.
            Em uma das faces da pista de skate há uma área livre onde jovens senhoras ocupam para praticar ginástica, com seus equipamentos específicos e personal trainers, vê-se que são pessoas de bom poder aquisitivo; ao lado, na pista de caminhada encontramos adolescentes de ambos os sexos com seus inseparáveis aparelhos celulares e fones de ouvido e jovens, adultos e idosos, a maioria devidamente vestidos e calçados para a prática de caminhadas e corridas, outros, principalmente idosos, com vestimenta e calçados inadequados e um ou outro caminhando com dificuldade e até mancando, infelizmente, o que tem me causado pena.  Há também razoável quantidade de jovens e principalmente adolescentes que para lá se dirigem a fim da paquera e namoro, creio haver mais de uma história de uniões de casais em que o parque tenha sido o palco do primeiro encontro.           O meu tempo de permanência no parque é em torno de uma hora e meia, sendo uma hora de caminhada e trote, distribuído assim: quatrocentos metros em caminhada rápida e os duzentos metros restantes da volta em trote em baixa velocidade; a meia hora final eu me dedico a exercitar abdominais e embaixadas.
            Na parte central do parque, há instalações sanitárias em péssimo estado de conservação, instalações para pronto atendimento em caso de socorro médico e também instalações de administração do parque. Na parte superior, há uma loja de skate e acessórios e também uma lanchonete e outros espaços dos quais não sei a finalidade e ainda acesso ao que fora no passado o embarcadouro para a tirolesa a qual mencionei há pouco.
            Presenciei algo inusitado, quando estava a meia hora de minha caminhada ao cruzar com a alameda de entrada do parque, havia uma pardoca, (fêmea do pardal), entre dois filhotes de Chupim, ambos com o dobro do tamanho da mãe adotiva, numa choradeira característica de filhotes pedindo por alimento e ela como toda boa mãe administrava a súplica com relativa tranquilidade. Para quem não sabe, o chupim é um pássaro de pequeno porte que velhacamente põe seus ovos no ninho de outro pássaro, que inocentemente os choca e cria os filhotes junto aos seus e por seus os considera embora tenham porte e coloração diferentes.
            Ri sozinho, já que há muitos anos presenciara cena semelhante, embora no passado tenha visto isso muitas vezes; e imediatamente vi na natureza incomum e instintiva do chupim, forte semelhança com certos racionais e pensantes seres humanos, espertalhões que ultrajam e ludibriam os seus iguais.
                                                                         
                                                                                                           Enéas Antonio Pires